À medida que avançam em meio a uma era de grandes inovações tecnológicas e mudanças de paradigmas, os bancos e instituições financeiras estão em plena transformação. Nesse contexto dinâmico — no qual é essencial considerar cenários radicais para desenvolver as capacidades e a resiliência necessárias para evoluir — há um horizonte repleto de desafios e oportunidades inestimáveis. Este artigo tem, como objetivo, estabelecer um panorama sobre as principais mudanças que vêm redefinindo o setor bancário, assim como uma análise de seu impacto sobre as expectativas dos clientes em um mundo cada vez mais conectado e digitalizado.

 Open Finance e o futuro

Não se pode falar no futuro do setor bancário sem mencionar o Open Finance. Esse conceito impulsionará a inovação e promoverá uma autêntica transformação nos serviços financeiros por meio do desenvolvimento de uma visão holística das finanças — e do histórico — dos clientes, bem como a ampliação do engajamento. Consequentemente, será imprescindível para a construção de relacionamentos ainda mais duradouros e lucrativos.

Ao permitir o compartilhamento de dados e o equilíbrio dessas informações entre as instituições, o Open Finance viabilizou experiências intuitivas, conectadas e hiperpersonalizadas aos clientes — mas sem deixar de lado o fator humano. E, por meio de plataformas inteligentes de dados, que associam análises preditivas, IA e Machine Learning (ML) para obter insights, permitirá a criação de produtos e serviços cada vez mais alinhados aos anseios e necessidades dos usuários.

Embedded Finance e Banking-as-a-Service (BaaS)

Outro modelo essencial é o Embedded Finance (finanças incorporadas em português), que se refere ao uso de instrumentos financeiros por empresas não financeiras, que permite a empresas ou e-commerces incorporar produtos e serviços financeiros diretamente em seus canais digitais, plataformas ou aplicativos mobile, por meio da tecnologia Banking as-a-Service (BaaS). Um estudo da Juniper Research, aliás, aponta que receita total proveniente desse modelo superará US$ 38 bilhões até 2027.

A modalidade proporciona, assim, uma grande oportunidade para fortalecer o relacionamento entre marcas e clientes por meio da oferta de experiências bancárias incorporadas. Outra pesquisa, publicada no Anuário Brasileiro de Bancos, feito pela Cantarino Brasileiro, revela que 41% dos bancos brasileiros já possuem o BaaS como oferta de negócio. Segundo a publicação, o conceito representa uma eficiente oportunidade para manter a relevância dos bancos no mercado.

O metaverso vem aí

O estudo Metaverso no Setor Bancário, da KPMG, aponta que a fusão entre as realidades virtual (RV) e aumentada (RA), a expansão no uso do Blockchain e os crescentes investimentos em IA e ML possibilitarão uma experiência interativa e personalizada. Os bancos e instituições financeiras desempenharão, assim, um papel crucial para impulsionar, no novo ambiente digital, a utilidade dos ativos e das identidades digitais (avatares) — reformulando, assim, a maneira como interagem com os clientes — sempre colocando suas fichas na personalização de serviços. Assim, na jornada para um futuro cada vez mais disruptivo, o metaverso representa uma grande oportunidade para o setor. Todavia, é sempre oportuno observar que tal perspectiva pressupõe a necessidade de um sistema de governança robusto e à prova de fraudes.

 O impacto do DREX

Outro fator que impactará o setor bancário nos próximos anos é o real digital — ou DREX, CBDC (Central Bank Digital Currency) do Brasil que operará em uma rede Blockchain e está no roadmap do BACEN. Além de modernizar o mercado financeiro e preparar o país para a Web 3.0, o DREX (que deve ser disponibilizado em 2024) transformará o modo como empresas e indivíduos lidam com o dinheiro. Mais: também proporcionará segurança e inovação aos bancos e instituições financeiras, permitindo que os consumidores usufruam das vantagens tecnológicas provenientes de novos instrumentos em um ambiente financeiro devidamente regulado.

A crescente importância das práticas ESG

Outro aspecto que se tornará cada vez mais relevante para bancos e instituições financeiras é o impacto dos princípios ESG (Environmental, Social and Governance), sigla que se refere ao conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança em uma organização — cuja adoção não representa apenas uma questão de responsabilidade corporativa, mas uma estratégia de negócios inteligente, que pode proporcionar crescimento sustentável e maior confiança dos stakeholders.

Uma pesquisa realizada pelo Economist Impact revelou que 41% dos executivos bancários globais mencionaram as práticas ESG entre as maiores oportunidades para suas organizações — e mais de 60% dos consumidores das gerações Z e millennial afirmaram que mudariam para instituições financeiras com melhores padrões ESG. A mensagem, aqui, é clara: os bancos que incorporarem tais padrões de maneira robusta poderão se diferenciar no mercado e atrair clientes que valorizam a sustentabilidade, a preservação do meio-ambiente e a responsabilidade social.

Uma análise sobre que há pela frente

Enquanto o Open Finance promete revolucionar a interação entre clientes e bancos por meio de personalização e transparência, conceitos como Embedded Finance e BaaS refletem uma integração gradativa dos serviços financeiros no cotidiano dos usuários. Já a emergência do metaverso e o desenvolvimento de moedas digitais como o DREX apontam para fronteiras digitais ainda mais amplas no setor, que está em constante evolução — enquanto a adoção de práticas ESG torna-se cada vez mais relevante no mercado financeiro. A capacidade de inovar e se adaptar — assim como o alinhamento com princípios sustentáveis e éticos — são, portanto, fatores cruciais para que os bancos e instituições financeiras prosperem nos tempos que virão.